Infecções vaginais como candidíase, vaginite e vaginose bacteriana são problemas comuns que afetam milhões de mulheres em todo o mundo. Essas condições estão frequentemente associadas a um desequilíbrio da microbiota da vagina, um ecossistema delicado de microrganismos que desempenham um papel crucial na manutenção da saúde íntima feminina.
A vagina saudável é predominantemente colonizada por Lactobacillus, bactérias benéficas que produzem ácido lático. Esse ácido ajuda a manter o pH vaginal em um nível ácido (entre 3,5 e 4,5), criando um ambiente hostil para o crescimento de patógenos como a Candida albicans (causadora da candidíase) e bactérias associadas à vaginose bacteriana. Quando esse equilíbrio é perturbado, as bactérias “ruins” ou fungos podem proliferar, levando aos sintomas desconfortáveis e muitas vezes recorrentes dessas infecções.
O papel dos antibióticos e antifúngicos no desequilíbrio vaginal
Tradicionalmente, o tratamento para candidíase e vaginose bacteriana envolve o uso de antifúngicos e antibióticos, respectivamente. Embora esses medicamentos sejam eficazes no combate aos microrganismos patogênicos que causam a infecção, eles também podem ter um efeito prejudicial. Ao eliminar os agentes causadores da doença, os antibióticos e antifúngicos frequentemente destroem também as bactérias benéficas, como os Lactobacillus, que são essenciais para a defesa do organismo.
A eliminação dessas bactérias protetoras pode levar a um ciclo vicioso: o tratamento cura a infecção imediata, mas ao desequilibrar ainda mais a flora vaginal, aumenta a suscetibilidade a novas infecções e recidivas. Muitas mulheres relatam que, após um tratamento com antibióticos, desenvolvem candidíase, um exemplo claro de como a microbiota vaginal é afetada. Cerca de 50% das pacientes com vaginose bacteriana têm recorrência dos sintomas em até 12 meses, e alguns antibióticos podem causar efeitos adversos, diminuindo a adesão ao tratamento.
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Probióticos: restaurando a harmonia da flora vaginal
É aqui que os probióticos entram em cena como uma solução promissora. Probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde do hospedeiro. No contexto da saúde vaginal, eles atuam repovoando a região com cepas benéficas de Lactobacillus, que são cruciais para manter a acidez e a proteção natural da vagina.
Os óvulos vaginais com probióticos são uma forma eficaz de entregar essas bactérias diretamente onde elas são mais necessárias. Ao serem introduzidos na vagina, esses óvulos liberam lactobacilos que se aderem às paredes vaginais, multiplicam-se e começam a produzir ácido lático. Este processo restaura o pH vaginal a níveis saudáveis, inibindo o crescimento de bactérias e fungos patogênicos e reduzindo sintomas incômodos como coceira, ardência, corrimento anormal e odor desagradável.
Evidências científicas no combate à candidíase e vaginose
A eficácia dos probióticos tem sido objeto de diversos estudos. Pesquisas demonstram que a suplementação com probióticos pode ser uma terapia adjuvante valiosa no tratamento e na prevenção de infecções vaginais, potencializando as chances de cura e prevenindo recorrências.
Menor recidiva de infecções fúngicas
Um estudo que avaliou o uso de probióticos em pacientes com histórico de candidíase vulvovaginal recorrente (CVVR) demonstrou resultados positivos. Observou-se que a administração de probióticos com antifúngicos pode ser eficaz para o tratamento da candidíase vulvovaginal e também de repetição. Em um grupo que utilizou probióticos, a taxa de recidiva foi significativamente menor em comparação com o grupo placebo ao longo de seis meses. Isso sugere que os probióticos ajudam a fortalecer as defesas naturais da vagina, tornando-a menos vulnerável a novas infecções fúngicas.
Redução da recorrência de vaginose bacteriana
Similarmente, estudos recentes sobre a vaginose bacteriana (VB) têm apontado para a importância dos probióticos. Uma pesquisa avaliou a eficácia de cápsulas probióticas vaginais para a prevenção da vaginose bacteriana recorrente. Os resultados indicaram que a profilaxia probiótica reduziu as taxas de recorrência de VB e a incidência de Gardnerella vaginalis por até 11 meses após o tratamento, em comparação com o grupo placebo. Outros estudos também mostram que a administração de probióticos pode aumentar a taxa de cura da VB e diminuir o número de recorrências, além de prolongar o tempo entre os episódios. A administração oral de probióticos também tem se mostrado promissora, pois os microrganismos podem migrar do intestino para a vagina, auxiliando na eliminação de patógenos e na prevenção de infecções recorrentes.
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