Das mais das 5 milhões de substâncias conhecidas pela ciência, apenas 6.000 servem para princípio ativo em fórmulas medicamentosas. Podem ser administradas via cápsulas, comprimidos, injetáveis, xaropes, soluções, cremes, pomadas, supositórios e óvulos aos pacientes.
Calcula-se que para 12.000 compostos químicos candidatos a se transformar em medicamento, somente um termina aceito como o fármaco substância com ação terapêutica comprovada, após milhares de testes que podem consumir até quinze anos e aproximadamente 1 bilhão de dólares.
Desenvolver novos medicamentos especialmente no Brasil é tarefa extremamente árdua. E o registro de medicamentos novos no Brasil é atribuição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Uma combinação de falta de investimentos em inovação no setor e excessiva burocracia fazem com que o país participe apenas com 1,2% dos estudos clínicos feitos no mundo.
Assim, os laboratórios multinacionais, que detém recursos financeiros e humanos para o desenvolvimento de novos fármacos preferem realizar suas pesquisas em países como Índia, Argentina e República Tcheca.
Tive a oportunidade de trabalhar com as Professoras Doutora Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz e Doutora Leônia Maria Batista, que recentemente tiveram um dos seus trabalhos apresentados no Globo Repórter da Rede Globo (http://g1.globo.com/globo-reporter/videos/t/edicoes/v/novos-testes-apontam-eficacia-da-milona-no-combate-a-asma-e-a-depressao/1829066/). Na ocasião trabalhamos com uma equipe que envolvia farmacêuticos, químicos, biólogos, médicos, agrônomo e alunos de iniciação científica, com vistas a desenvolver um novo fármaco brasileiro, proveniente de uma planta do sertão nordestino, chamada Herissantia crispa destinado para o tratamento de úlcera gástrica.
As etapas, que normalmente são feitas para desenvolvimento do novos fármacos são as seguintes:
– Levantamento e Pesquisa com população local sobre o uso de plantas medicinais – Etnofarmacologia;
– Identificação Botânica da planta;
– Identificação Química e isolamento dos constituintes ativos;
– Análise toxicológica;
– Testes em mais de uma espécie animal das substâncias estudadas;
– E por fim estudo em seres humanos. Considerando ainda o complexo registro no órgão competente.
Um país que importa oito de cada dez matérias-primas dos seus medicamentos, descobrir novos fármacos em vegetais abundantes em nossa biodiversidade parece ser algo bastante racional, considerando também que muitas doenças ditas do mundo tropical não trazem muito interesse no desenvolvimento de novos medicamentos pelos laboratórios, por considerarem que não retornarão o alto investimento em pesquisa realizado.
O fato é que o Brasil não conseguiu acompanhar a velocidade na pesquisa de medicamentos sintéticos nas décadas passadas. Mas agora, com biotecnologia temos a chance de acompanhar o desenvolvimento histórico dessa nova geração de produtos.
Publicado originalmente no Conexão Itajubá em 7 de março de 2012.
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